A medicina baseada em evidências é reconhecida como referência para uma assistência mais segura, eficiente e de qualidade. Diretrizes clínicas, programas de acreditação e metas institucionais reforçam diariamente sua importância. No entanto, existe um ponto crítico que ainda persiste na rotina dos serviços de saúde: a evidência existe, mas nem sempre chega ao ponto de cuidado de forma aplicável, estruturada e em tempo oportuno.
Esse descompasso não ocorre por falta de produção científica — pelo contrário. O acesso à literatura nunca foi tão amplo. Ainda assim, transformar conhecimento em conduta continua sendo um desafio. Protocolos estratégicos permanecem dispersos em documentos PDF, ferramentas de difícil navegação ou versões desatualizadas, sem adaptabilidade para os recursos reais disponíveis nos hospitais.
Nesse cenário, aplicar evidência científica na prática clínica muitas vezes depende da memória do profissional ou da sorte de encontrar o protocolo certo no momento certo. A pressão assistencial, o tempo reduzido para tomada de decisão e a fragmentação das informações criam um ambiente onde o conhecimento está disponível, mas não está verdadeiramente acessível.
Quando a evidência não chega ao cuidado, a variabilidade clínica ocupa espaço
Mesmo em instituições com bibliotecas clínicas robustas ou repositórios digitais organizados, a jornada entre o “saber” e o “fazer” ainda é longa. Ferramentas tradicionais de apoio à decisão, apesar de úteis, muitas vezes apresentam barreiras de custo, integração limitada com sistemas e linguagem pouco adaptada ao cotidiano assistencial. O resultado é um paradoxo: fala-se em diretrizes, mas a prática continua sofrendo com variabilidade e uso não otimizado de recursos.
Evidência sem aplicabilidade é apenas informação, não prática clínica
Para que a medicina baseada em evidências se torne real no dia a dia, ela precisa ser acionável, contextualizada e integrada ao fluxo de trabalho. É nesse ponto que a inteligência artificial, quando desenvolvida com responsabilidade e curadoria clínica, abre uma nova perspectiva.
Em vez de apenas listar recomendações, a IA pode organizar o conhecimento, adaptar os protocolos ao contexto local, indicar condutas compatíveis com o estoque de medicamentos disponível e justificar cada orientação com base científica transparente, diretamente no prontuário ou na tela de prescrição.
A inteligência artificial como ponte, e não substituição
Aplicar IA no suporte à decisão clínica não significa substituir o julgamento do médico ou da equipe, mas oferecer suporte para que ele seja exercido com mais respaldo, menos incerteza e com acesso imediato às melhores práticas. Quando a evidência se apresenta no momento certo, claramente e auditável, a tomada de decisão se torna mais segura — e isso impacta diretamente desfechos assistenciais e gestão de recursos.
Evidência só faz sentido quando encontra o contexto da assistência
No ecossistema Salux, esse princípio é estruturante. As soluções de inteligência clínica são desenvolvidas com curadoria técnica, baseadas em literatura nacional e internacional, e calibradas para a realidade dos serviços brasileiros, considerando protocolos próprios, fluxos internos e disponibilidade de recursos de cada hospital.
Mais do que entregar tecnologia, o objetivo é garantir que o conhecimento seja utilizável — e não apenas consultável. Porque, no fim, medicina baseada em evidências só existe de fato quando a evidência está ao alcance de quem cuida, no exato momento em que o cuidado acontece.